A obsessão de Fernando Guerra

Num tempo em que nada resiste e perdura, os resistentes, aquilo e aqueles que se mantém fieis a um destino que parece teimar em conduzi-los sem desvios, converteram-se numa minoria. Uma raridade.

o Fernando Guerra é um fotógrafo de arquitectura, responde aos desafios através do conhecimento técnico e como especialista. Significa pois que não é nem se coloca num patamar de fotógrafo-artista. O seu trabalho vive no campo da imparcialidade. Se porventura manipula uma imagem, retirando o que considera algum excesso de realismo, fá-lo com a consciência que opera sobre um excesso, não transfere um desejo ou intenção de fazer arquitectura, não se sobrepõe ao protagonismo da obra em si e à assinatura do seu autor.

FG00062.jpg

O percurso, a consistência de um percurso, é algo que me interessa particularmente como agente no campo das artes visuais, porque o tempo continua a ser o mais feroz avaliador. E hoje mais do que nunca sobrevoamos uma neblina de conceitos e imagens difusas que geram tremendos equívocos.

Na história de Fernando Guerra o céu é azul e não há lugar à dúvida: são 20 anos ininterruptos a fotografar projectos dos mais conceituados arquitectos mundiais. E se a arquitectura conquistou um estatuto e lugar de destaque como disciplina de autor, a fotografia arquitectónica precede-a e caminha ao seu lado.

CAPA Aerial Taiwan.JPG

Sem querer e sem o desejar, converteu-se num fotógrafo ícone. Editou mais de 1000 reportagens. Ganhou diversos prémios internacionais. Publicou livros e imagens nas principais revistas mundiais. As suas fotografias são seguidas online por dezenas de milhar de pessoas. Mas tudo isto, que não é pouco, não é de facto o centro do Fernando Guerra, nem o que me interessa no Fernando Guerra.

Fotografar é para ele uma obsessão. É neste plano que gosto de me focar. É neste ponto que conquista um plano de autor. Já não está na sua mão. É um reflexo, uma projecção natural do seu trabalho.

E nesta aparente infinita viagem do seu olhar, mais e mais precisamos de ler os registos tendo em conta que as fronteiras do nosso tempo são lugares singulares, mais e mais democráticos nas linhas ténues com que se reinventam. Fotógrafo ou autor? Ambos. Espaço público ou privado? Ambos. Grupo ou pessoa? Ambos. Arquitetura ou arquitecto? Ambos. A obsessão conduz à perfeição e a perfeição não tem cor, raça ou género… é simplesmente perfeita!

www.studiofguerra.com

UPCOMING - EXHIBITION

RUI GUEIFÃO
JAN 2016

 
 

Sem Título (Copo I)
Cimento
9,5 x 4 cm
2015

Rui Gueifão (1993) lives and works in Lisbon. In 2014, he completed his degree in Fine Arts at the Schools of Arts and Design at Caldas da Rainha. He is currently a resident artist at MArt, where he develops a heterogeneous work from painting, to sculpture and video. In 2015, he participated in several projects and exhibitions, including the Mupi project by Sandro Resende and the group exhibitions Vaga Luz (Casa Museu Medeiros e Almeida, Lisboa), Eco Hotel Madrid (Caldas da Rainha) and Obstáculos Para um Novo Saber (Casa Museu Nogueira da Silva, Braga).