As pessoas daqui não fumam. Os europeus sim, arrastam-se para um canto e mantém-se impacientes debaixo de roupas descontraídas. Ninguém desarma no seu papel instituído. A indolência e a tensão. Ninguém espera nada daqui, talvez por isso, quando sai fumo... é branco. Aqui é cor. Estou na casa da partida. Vou voar. Aqui na cor, mesmo ao meu lado, uma senhora de vestido vermelho vivo está sentada num banco inválido. Tem uma perna partida, o banco. Ela é daqui. Aprendeu a suster-se contra a parede. Vou apanhar um destes aviões que parecem de brincar, da cor do céu sem nuvens. Levo um sorriso traquinas. O piloto veio da Rússia e os manuais devem estar em inglês. A hospedeira traz ao colo uma cábula, em português. Está um silêncio abafado. Somos todos passageiros em vida. Vamos voar. Nós voamos. Eles ficam, submersos na floresta verde... aterramos e volta o fumo... branco. E tanto para aprender. Aqui é cor.