PRESS RELEASE

 

MÁRIO RITA

LES VOYEURS

24 SET A 24 OUT 2015

 

O acto de criar é como querer agarrar a linha do horizonte. Tenho consciência dessa impossibilidade. No percurso até lá, vejo sempre uma distância constante. Olho para trás e vejo caminho percorrido. Perdura, sempre, a vontade de atingir o inatingível.

O desenho teve sempre uma importância fundamental no meu trabalho. O registo gráfico gere e estrutura toda a composição. Esse mergulho do desenho, em simultâneo com as matérias da pintura, tanto fazem surgir, como anular e ressurgir as presenças figurativas. O desenho faz a gestão do espaço, desbrava caminhos para que a matéria pictórica se possa afirmar. Esta simbiose vai gerando acontecimentos, construindo o texto pictórico. O faz e desfaz é em si o corpo da própria pintura, até que ela se revela e me surpreende. 

Estes grandes temas da cultura ocidental: Anunciação, Entrada no Templo, Gólgota, Crucificação, Descida da Cruz, Pietà e Ressurreição, são confronto e revelação, fazem parte de todas as paragens em direcção ao inatingível. São para mim verdades do Homem que se renova, não pelas modas, ou etiquetas que lhe atribuem, mas pela singularidade que alguns conseguem ver. Esses tenho a certeza que levam na frente a Luz: há Voyeurs que vêem com olhos abertos, há Voyeurs que vêem com olhos fechados, há Voyeurs que vêem sem olhos, há Voyeurs que não querem ver.

Mário Rita