PRESS RELEASE

 

GABRIEL GARCIA

PROJECTO SINESTESIA

30 ABR A 30 MAI 2015

 

O Projecto Sinestesia parte do cruzamento da minha experiência como crítico de arte e curador, com a actividade de crítico de perfumaria e editor do site americano fragrantica.com. É minha convicção que o olfacto tem sido desprezado como um dos sentidos envolvidos na fruição da arte e como tal decidi convocar a perfumaria como forma de arte em diálogo com a arte da pintura. Este diálogo deu origem a uma exposição invulgar e inédita em Portugal. O desafio foi proposto ao pintor Gabriel Garcia para que de forma imediata pintasse imagens sugeridas pelo estímulo de perfumes de autor. Fragrâncias invulgares e por vezes perturbadoras, que evocam sensações e levam à formação de cenários mentais, foram traduzidas em imagens nas telas de Gabriel Garcia. O princípio pelo qual esta exposição se rege tem a ver com a colaboração diária entre curador e artista. Com base na troca de ideias e de estímulos sensoriais realizada a partir da selecção prévia de doze perfumes. A escolha destes aromas, feita pelo curador, regeu-se pelas capacidades evocativas de cada composição olfactiva, ou pela sua invulgaridade e até pelo carácter iconoclasta que se pode sentir em criações culturais olfactivas que muitas vezes passam por meros objectos de consumo. É assim que surge uma exposição em que a visão e o olfacto são convocados em simultâneo, como resultado da livre associação de ideias e da utilização das metodologias surrealistas, muito caras a Gabriel Garcia como parte de suas origens plásticas. A libertação da figuração humana e a entrada num domínio de paisagem abstractizante e de estética surrealista são elementos de partida nesta exposição. Ver e cheirar a arte, recorrer à memória e às sensações do inconsciente, num jogo que entra nos limites do irracional e do animal. É esta a proposta. O resultado são imagens que nem sempre se relacionam directamente com os cheiros, pois são interpretações automáticas e pessoais do artista e do curador. Tudo se mistura, nada é objectivo. Tudo tem a ver com a memória pessoal, com as emoções primitivas, com o instinto.

Miguel Matos
Curador